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Conexão Empresarial Araxá discute os desafios do Brasil

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O evento, que é promovido pela VB Comunicação, comandada por Paulo César de Oliveira e Gustavo Cesar Oliveira, está de volta ao Grande Hotel de Araxá (MG)

Sueli Cotta,
especial para o Jornal de Brasília

O Conexão Empresarial Anual Araxá23 foi aberto oficialmente, nesta sexta-feira, com participação de autoridades, políticos, empresários e representantes da sociedade, para uma série de painéis e debates sobre o Brasil e Minas Gerais. O evento, que é promovido pela VB Comunicação, comandada por Paulo César de Oliveira e Gustavo Cesar Oliveira, está de volta ao Grande Hotel de Araxá (MG).

O vice-governador Mateus Simões abriu os trabalhos fazendo uma homenagem ao ex-ministro Alysson Paolinelli, que morreu na quinta-feira, e disse que agricultura brasileira é o que é hoje graças a Alysson Paulinelli. “Ao lado dos mineradores, os agricultores são considerados os maiores inimigos da humanidade, algo estranho, porque até para ração a agricultura é importante”, afirmou.

O diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau Minas, Pedro Torres, falou no painel “Brasil e Minas Gerais, o que esperar desse futuro?” que o compromisso da empresa é evoluir buscando soluções para o mundo e participar de projetos de energia renovável e outros modelos de negócios.

O presidente da OAB-MG, Sérgio Leonardo, e o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados da OAB-MG, Gustavo Chalfun, participaram do painel “Direitos e Deveres de um Brasil Livre”. Gustavo Chalfun iniciou o painel ressaltando que o momento é de pacificação da sociedade brasileira, com discursões importantes como a reforma tributária e de questões complicadas como os ataques à imprensa.

Chalfun também criticou o exagerado protagonismo do STF no país e acrescentou que “se de fato quisermos um país mais justo e democrático temos que ter mais credibilidade das instituições”. Sérgio Leonardo, por sua vez, ressaltou que a advocacia usa da “arma mais poderosa de todas, a palavra”, além da defesa do Estado Democrático de Direito, direitos humanos, da defesa das liberdades. O presidente da OAB-MG considerou como “um absurdo Jair Bolsonaro se tornar inelegível”, e considerou que “sequer pode cogitar fechar um veículo e comunicação, como o que está acontecendo em relação à rádio Jovem Pan”.

Desenvolvimento sustentável

O diretor de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold, Othon Maia, falou no painel “Mineração do Ouro – Cenários de Minas e do Brasil”. Othon Maia disse que nesses 200 anos da AngloGold a empresa remodelou a visão, olhando para o desenvolvimento sustentável e deixando legados sólidos para as comunidades onde opera. Trabalhando de forma articulada, está fechando a mina de Nova Lima, que será remodelada e ressignificada.


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No painel com o tema “Com passado, presente e futuro, Nova Lima é uma das economias mais importantes de Minas Gerais”, João Marcelo Dieguez, prefeito da cidade, falou dos muitos programas que estão sendo implantados na sua administração, como o Programa Nova Lima integrada, que prevê várias obras viárias na cidade. A ideia é a de atrair negócios e melhorar o ambiente para atração de novos investimentos e melhorar os que já estão instalados na cidade.

História de sucesso

Um dos empresários mais sólidos do país, o CEO da Pado, Alfons Gardemann, se define como uma pessoa que nasceu na Alemanha e que foi montado no Brasil. Em 1997 ele adquiriu a Pado, transferiu a empresa de São Paulo e se instalou no estado do Paraná. Hoje a empresa é líder no mercado de cadeados e também investe na implantação de um curso de formação profissional.

Procurador-geral de Justiça de Minas, Jarbas Soares Jr. falou que o Ministério Público está presente em quase toda vida da sociedade e é preciso que os empresários também compreendam o seu papel. Ele destacou que o Ministério Público não quer ser um obstáculo ao empreendedorismo, quer trazer segurança jurídica e buscar o melhor caminho.

Realizando um sonho

A diretora Comercial e de Marketing da Rede Mater Dei, Renata Salvador Grande, falou sobre o processo de sucessão familiar na empresa, que está chegando às mãos da terceira geração, e dos planos de expansão nacional. A rede, que começou em Belo Horizonte, em 1980, está presente hoje em quatro estados. São mais de 10 mil médicos, mais de 10 mil colaboradores e quase 2.500 leitos. A missão é a mesma desde a sua fundação, o compromisso pela qualidade e pela vida e ser referência nacional em saúde, atraindo talentos e cuidando das pessoas em todas as fases da vida.


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Governadores contra reforma tributária
Governador de Minas, Romeu Zema – Foto: Tião Mourão/Viver Brasil

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, encerrou os trabalhos da manhã mostrando preocupação em relação ao país, que para ele, precisa fazer as reformas estruturais necessárias para a retomada de crescimento. Ele criticou os questionamentos que o presidente Lula vem fazendo à autonomia do Banco Central. Zema também disse que houve avanço com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que também é questionado pelo atual governo. O governador afirmou que a sua reeleição comprova que, pelo menos em Minas Gerais, “temos um governo transparente, que conseguiu fazer melhorias”.

Zema também reforçou que é necessária uma reforma tributária. Se bem conduzida, ressaltou, pode resolver um dos maiores problemas do Brasil, que é uma tributação complexa, que significa mais custos para as empresas. Mas observou que, nos moldes em que está sendo feita, a reforma não é interessante. “São muitos pontos que precisam ser revistos, a começar pelo Fundo de Transição. O fundo de desenvolvimento regional só contempla estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Tem sido uma reforma que não contempla os estados produtores, onde se concentram mais de 50% das pessoas. A reforma não atende. Os governadores se reuniram em uma videoconferência, ontem, e irão recomendar às bancadas federais que a reforma só avance com as mudanças pontuadas por eles”, afirmou.

O Brasil perde oportunidades

A segunda parte dos trabalhos do Conexão Empresarial Anual Araxá23 foi aberta pelos economistas Zeina Latif e Paulo Rabello. No painel “Cenário econômico nacional e global e perspectivas para o Brasil”, Zeina Latif iniciou contando uma piada que quando vai se fazer as projeções no governo Lula é preciso acrescentar o setor sorte. Apesar da sorte, ela acredita que no primeiro mandato de Lula ocorreram medidas muito acertadas. Já o governo Dilma foi um grande conjunto de grandes erros, com efeitos estruturais no país, gerando muitas distorções. O momento do quadro internacional não é o ideal, mas também não é um cenário ruim.

Para ela, é preciso limpar a retórica e ver a realidade. Além disso, não se trata de um presidente inexperiente. Para ela, o Brasil tem desafios, com frequência perde oportunidades e tem crescimento abaixo da América Latina, que “já não é grandes coisas”. Ela ressaltou que o único setor que nos últimos anos tem ganho de produtividade é o agronegócio, com uma média de 5% de crescimento ao ano. O país tem uma produtividade baixa e mão-de-obra desqualificada. “Somos um país que temos muito a amadurecer” e somos uma sociedade exigente, que cobra muito.


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Paulo Rabello repetiu a fala de Zeina Latif, de que o paísl perdeu muitas oportunidades. Ele lembrou que em cinco décadas o Brasil deixou de ser o país importador de alimentos para se tornar um gigante do agronegócio. A arma para atingir essa produtividade do agronegócio é a competitividade. Para ele, “o conhecimento está perdendo lugar para a crendice, ou as fake news. “No lugar de compostura temos a corrupção deslavada, descondensada”. Outra preocupação de Rabello é o que ele chama de crescimento de “voo de galinha”, ou próximo de zero. Outra crítica do economista vai para a reforma tributária, que, segundo ele, não faz sentido. O principal erro da reforma é que para as empresas serem desoneradas elas precisam pagar mais 100% de tributo para ser compensada.

Transformação na gestão

O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezzi, falou dos pilares de transformação na gestão. Segundo ele, a Cemig, de 2009 a 2018, decidiu investir R$ 34 bilhões fora de Minas, o que gerou uma perda líquida de R$ 12 bilhões e, agora, passou a investir no estado, num montante de R$ 42 bilhões. “A empresa também arrumou a casa, na busca de maior eficiência econômica. A Cemig valia em 2018 R$ 10 bilhões, atualmente vale R$ 32 bilhões, gerando resultado e desenvolvimento para Minas”, frisou.

O presidente da Codemge, Tiago Toscano, e o presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, participaram do painel com o tema “Governo de Minas trabalha o presente e prepara o Estado para o futuro”. Para João Paulo, investir é preparar para o futuro. “A Invest Minas tem, por sua natureza, preparar o estado para o desenvolvimento. A empresa foi fundada como um braço da Cemig e, após passar por uma transformação, os trabalhos seguem avançando e nunca se atraiu tantos investimentos como agora para Minas Gerais”. João Paulo disse que desde 2019 houve captação de investimentos em torno de R$ 300 bilhões.


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Tiago Toscano lembrou que a Codemge foi criada a partir da Codemig e, no ano passado, a receita foi de R$ 1,4 bilhão. O principal projeto de privatização da empresa, que é o nióbio, passou por um processo difícil internamente e até hoje não foi aprovado. A alternativa foi a de estruturar projetos de concessão e esses acordos vão de serviços de saneamento a hospitais e rodovias.


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A liderança e referência de atendimento à saúde em Minas e os aprendizados para o pós-pandemia foram os pontos abordados pelo diretor de Mercado da Unimed-BH, Garibalde Mortoza. Ele disse que os prejuízos que as operadoras de planos de saúde tiveram no ano passado foram significativos e neste ano as perdas continuaram, mas a Unimed-BH teve um desempenho satisfatório e, desde a pandemia, passou a investir mais no digital, fortalecendo cada vez mais o setor de inovações. “Com a teleconsulta, a Unimed-BH conseguiu alcançar um milhão de atendimentos, sem a necessidade de deslocamento para hospitais e pronto atendimentos”, lembrou. Garibalde Mortoza disse que a Unimed-BH também foi a primeira a vender seus planos de saúde pelo e-commerce. Mas ele ressalta que a “essência do nosso negócio é produtividade com sustentabilidade”.

Mais reforma tributária
Deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) – Foto: Tião Mourão/Viver Brasil

O coordenador do grupo de trabalho da reforma tributária que tramita na Câmara Federal, deputado federal Reginaldo Lopes (PT), encerrou o dia de palestras. Ele disse que o modelo atual é insustentável e impede o Brasil de se tornar competitivo. “Arrecadamos muito imposto sobre consumo e é preciso deslocar uma parte para a tributação de renda e patrimônio”, afirmou.

Para Reginaldo Lopes, a reforma vai tornar a economia mais eficiente e competitiva. “É impossível vender com o custo de produção, o custo Brasil que nós temos hoje. Os governadores dos estados do Sul e Sudeste usam recursos da guerra fiscal, mas isso deixou de ser interessante para um projeto de nação”, defendeu.

Ele ressaltou que o Brasil é muito desigual. A política de renúncia fiscal, mais a judicialização, mais o custo Brasil têm um custo de R$ 1 trilhão. Estamos propondo uma reforma em oito anos para fazer a transição para trazer segurança jurídica. Precisamos de um modelo simplificado e no qual a população entenda a tributação no consumo”, finalizou.

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