Início Ibovespa retorna a 128 mil pontos no início de dezembro e sobe 2,13% na seman

Ibovespa retorna a 128 mil pontos no início de dezembro e sobe 2,13% na seman

Assim, o Ibovespa mantém a melhor sequência desde os nove avanços semanais consecutivos, entre 24 de abril e 23 de junho deste ano

O Ibovespa iniciou dezembro como encerrou novembro, em alta, ainda amparado pela expectativa de custos de crédito em baixa no ano que está para chegar, ante os sinais de moderação da atividade econômica nos Estados Unidos, como nos PMIs desta sexta-feira, e de que a inflação, embora ainda fora da meta, tem se arrefecido. Com olhar nas declarações desta tarde dos presidentes dos BCs americano (Jerome Powell) e brasileiro (Roberto Campos Neto), o Ibovespa se firmou em alta e, nos melhores momentos, tocou e sustentou os 128 mil pontos, o que se estendeu ao fechamento.

Hoje, saiu de abertura a 127.331,12 pontos e, na mínima, escorregou para os 126.655,67 pontos – no fechamento, na máxima, foi a 128.184,91 pontos, em alta de 0,67%. Com giro financeiro fortalecido como ontem – hoje um pouco abaixo, a R$ 26,8 bilhões -, o índice da B3 encerrou a sessão no maior nível desde 14 de julho de 2021. Após ter concluído novembro com ganho de 12,54%, o maior em três anos, o Ibovespa avançou 2,13% no agregado das últimas cinco sessões, estendendo a série vencedora pela sexta semana – iniciada em outubro, no intervalo a partir do dia 23.

Assim, o Ibovespa mantém a melhor sequência desde os nove avanços semanais consecutivos, entre 24 de abril e 23 de junho deste ano, intervalo no qual havia escalado 14,6 mil pontos. Agora, em nível mais alto do que naquele período, a recuperação chega a 15 mil pontos em tempo menor, o que pode animar os investidores quanto a um rali de fim de ano, iniciado um pouco mais cedo.

Dessa forma, o Ibovespa deu mais um passo de reaproximação à máxima histórica de fechamento, de 7 de junho de 2021, quando foi aos 130.776,27 pontos naquele encerramento. No intradia, a maior marca é da mesma sessão, há quase dois anos e meio, quando o Ibovespa chegou a 131.190,30 pontos.

O Banco Inter estima que o Ibovespa alcançará 142 mil pontos no final de 2024, com a expectativa de “tempos melhores” para a Bolsa no ano que vem. Entre os fatores que tendem a colaborar para este cenário estão a percepção de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed) no próximo ano e de continuidade de recuo da Selic no Brasil, a depender dos avanços fiscais, reportam as jornalistas Maria Regina Silva e Caroline Aragaki, do Broadcast.

“Dados de inflação mais recentes têm mostrado queda na pressão de preços pelo lado da demanda: números mais consistentes em linha com a moderação da atividade nesta reta final de 2023, conforme se viu também em informações como as do Livre Bege desta semana, nos Estados Unidos, que reforçam a percepção de que os BCs não mais precisarão elevar os juros, e poderão cortá-los em 2024”, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.

Dessa forma, o otimismo do mercado financeiro sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo também disparou no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a expectativa de alta para o Ibovespa na próxima semana acelerou de 33,33% na pesquisa da semana passada para 71,43%, enquanto, no sentido contrário, as projeções de baixa, que também eram de 33,33%, caíram para 14,29%. A percepção de variação neutra, do mesmo modo, recuou de 33,33% para 14,29%.

Nesta sexta-feira, após indecisão até o começo da tarde, os índices de Nova York se firmaram em direção única, positiva, com destaque para Dow Jones (+0,82%) no fechamento, estabilização que contribuiu para que o Ibovespa segurasse o sinal e ampliasse ganhos no meio da tarde, em dia negativo para o petróleo.

Com perdas acima de 2% para a commodity, Petrobras ON e PN encerraram o dia em baixa de 1,33% e de 0,67%. Os grandes bancos mostraram desempenho misto no fechamento, com Santander (Unit -1,06%) e Itaú (PN -0,22%) em baixa, e leve alta para Bradesco (ON +0,56%, PN +0,31%) e BB (ON +0,20%). No lado ganhador, Vale ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, subiu hoje 1,86%, em dia forte também para outros nomes do setor metálico, como CSN (ON +4,51%) e Usiminas (PNA +4,58%), com a alta perto de 2% para o minério de ferro na China (Dalian), a US$ 139,69 por tonelada no contrato futuro mais negociado, para janeiro de 2024.

Na ponta vencedora do Ibovespa na sessão, Cielo (+7,96%), Magazine Luiza (+7,43%) e Soma (+7,37%). No lado oposto, Klabin (-6,25%), Braskem (-5,85%) e Suzano (-3,76%).

Em discurso nesta sexta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou que a instituição está comprometida para que a inflação retorne à meta de 2%, mantendo a política monetária em nível restritivo até se ter a confiança de que os índices de preços estão a caminho de atingir a meta.

Ele ponderou que o Fed está agora em posição para agir com cautela daqui para frente, após a rápida escalada de juros a partir de 2022. Na avaliação de Powell, no momento, estão “mais equilibrados” os riscos entre aperto exagerado e arrocho insuficiente. Ainda assim, ressalvou que seria “prematuro” concluir, em definitivo, que a política monetária atingiu nível suficientemente restritivo. E acrescentou ser cedo para “especular” sobre quando o Fed poderá começar a cortar os juros

“O fato de o discurso de Powell não ter trazido novo tom, mais ‘hawkish’, contribuiu para consolidar expectativas de que os juros básicos não devem mais subir na maior economia do mundo – ao menos por ora. Assim, mesmo sem sinalizar queda adiante, a fala alimentou o apetite por risco, observado nas últimas semanas”, destaca Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico Investimentos.

Aqui, falando em paralelo a Powell no exterior, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, com as variáveis como estão hoje, não há como dar um guidance (indicação) de qual será a taxa Selic terminal – mas que entende que será restritiva. Campos Neto defendeu que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual segue apropriado diante do comportamento da inflação corrente, do hiato da atividade e das expectativas de inflação. “Com as variáveis que temos na mão, ainda precisamos de juro em campo restritivo”, disse em almoço anual da Febrabran, em São Paulo.

Dólar

Após trocas de sinal pela manhã, o dólar à vista se firmou em baixa e renovou mínima à tarde em meio ao movimento global de desvalorização da moeda americana e à queda das taxas dos Treasuries. Declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo “pouso suave” da economia dos EUA e cautela na condução da política monetária deram fôlego renovado a divisas emergentes. Uma vez eliminada a perspectiva de alta adicional de juros pelo Fed neste ano, ganha força a especulação em torno do início de processo de cortes, com apostas cada vez mais voltadas para março de 2024.

Com mínima a R$ 4,8689, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 1º, em baixa de 0,70%, cotado a R$ 4,8807. Na semana, a moeda recua 0,36%. Pela manhã, a divisa chegou a esboçar um movimento de alta e correu até máxima a R$ 4,9369, movimento atribuído a ajuste de posições no mercado futuro e a remessas para fora do país típicas de fim de ano. No acumulado de 2023, o dólar apresenta desvalorização de 7,56%.

O presidente do BC americano disse que o comitê de política monetária da instituição não precisa “agir com pressa”, dados os efeitos defasados da alta de juros, e que a inflação “está indo na direção correta”. Segundo Powell, é possível pôr a inflação rumo à meta de 2% sem impor perdas significativas no nível de emprego e com desaquecimento moderado da atividade – o tão sonhado “pouso suave” dos investidores.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, prevê dados mais fracos da economia americana nos próximos dos trimestres e ressalta que a política monetária nos EUA tem efeitos desasados mais demorados do que em países emergentes como o Brasil. Esse quadro sugere que o Fed já encerrou o ciclo de aperto monetário e pode antecipar o movimento de queda para o primeiro semestre do próximo ano.

“Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA. Essa dinâmica ajudou a promover uma valorização das moedas emergentes como o real”, afirma Velho, ressaltando que há um retorno do fluxo de estrangeiros para a Bolsa brasileira, que se beneficia também do processo de redução da taxa Selic. “Mais da metade de entrada de estrangeiro para a bolsa no ano foi em novembro”.

Dados da B3 mostram que no mês passado, até o dia 29, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 18,48 bilhões na bolsa local. No acumulado do ano, as entradas líquidas de capital externo soma R$ 24,848 bilhões.

Em almoço anual da Febraban, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o ritmo de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segue apropriado. Ele disse que não faz projeções para a taxa terminal, mas que, mesmo no fim do ciclo de cortes, a política monetária seguirá em terreno restritivo.

Ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, relatou que, em conversas recentes, tem percebido no mercado um sentimento de que haveria espaço para acelerar os cortes de juros – no que foi interpretado por uma ala dos investidores como um sinal de que o BC já consideraria um ritmo mais forte de redução da Selic.

“Uma queda mais forte da Selic poderia impulsionar o dólar. Mas não é o caso agora porque o ciclo de cortes já está bem precificado e o cenário externo é preponderante”, diz Velho, que, por ora, vê o mercado complacente com a questão fiscal. “O governo reforçou o compromisso com a meta de déficit zero, mas podemos voltar a ter um estresse lá por março, com a provável mudança de meta e a falta de disposição do governo de fazer contingenciamento”.

Juros

Os juros futuros terminaram a sessão entre a estabilidade e leve alta, após operar em queda ao longo da tarde, com a aceleração do recuo dos rendimentos dos Treasuries e do petróleo. O retorno da T-Note de dez anos tombou para perto de 4,20% nas mínimas, apoiado em discurso considerado “dovish” do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O mercado chegou a ensaiar uma realização de lucros pela manhã, com avanço das taxas, e o movimento não prosperou, mas no fim da tarde pesou o aumento do desconforto fiscal.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,300%, estável ante o ajuste de 10,308% ontem. A do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,95% para 9,93%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 10,06%, de 10,05%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa a 10,52, de 10,49%. No balanço da semana, as taxas longas cederam em torno de 25 pontos-base em relação à última sexta-feira e as curtas, cerca de 15 pontos.

Com os principais eventos do dia programados para a tarde, o mercado dedicou a manhã a um ajuste à queda de ontem, descolando-se do comportamento de baixa da curva americana. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falaria às 12h30 e o do Fed, Jerome Powell, às 13h. Enquanto as declarações de Campos Neto foram absorvidas sem maiores reações nos ativos, a fala de Powell deu gás ao alívio nos Treasuries.

Na Spelman College, em Atlanta, Powell fez as ponderações de costume, ao afirmar que é cedo para discutir corte de juros e que a política monetária deve seguir em território restritivo por algum tempo para que a inflação retorne à meta de 2%. Mas o que chamou a atenção do mercado foi o fato de que ele desta vez não citou a possibilidade de voltar a apertar juros.

“Powell já não fala mais em novas altas e o mercado já começa a ficar comprado em queda”, afirmou o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, Daniel Leal. Pela ferramenta do CME Group, uma redução acumulada de 1,25 ponto porcentual na taxa básica até o fim de 2024 agora é a hipótese mais provável.

Leal destacou o impacto das declarações no juro da T-Note de dez anos que caiu a 4,21% nas mínimas. “A T-Note está caindo mais de 10 pontos em relação a ontem e isso se reflete no DI”, complementou. A fala do dirigente também inverteu a alta do índice DXY e levou, no Brasil, o dólar a até R$ 4,86 no piso da sessão. Várias taxas do DI passaram então a testar a marca de um dígito, na linha do que já havia sido visto ontem com o contrato para janeiro de 2026.

Nesse contexto, o mercado tinha tudo para dar sequência ao rali de novembro, até porque o petróleo voltou a fechar hoje em queda, de mais de 2%.

Porém, o alívio das taxas passou de “firme” para “moderado” no fim da tarde, em meio ao noticiário fiscal negativo. O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Danilo Forte (União-CE), negou que em conversa telefônica com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter dito que era improcedente a informação de que rejeitaria a emenda Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso. Ele confirmou ao Estadão/Broadcast que vai rejeitar a emenda que limita o tamanho do bloqueio de despesas do Orçamento.

A rejeição cria uma saia-justa para Haddad, que conseguiu o aval do presidente Lula para manter a meta fiscal de zerar o déficit em 2024 com base no entendimento de que o contingenciamento, se necessário, não passaria de R$ 23 bilhões a R$ 26 bilhões.

Com relação à participação de Campos Neto no almoço da Febraban, havia alguma expectativa sobre o que viria após as falas ontem dovish do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. Campos Neto defendeu que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual segue apropriado e que com as variáveis como estão hoje, ele não faz um guidance de qual será a Selic terminal. “Com as variáveis que temos na mão, ainda precisamos de juro em campo restritivo”, disse.

Estadão Conteúdo

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