Silveira se reúne com indicada à Petrobras horas após demissão de Prate
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu na manhã desta quarta-feira (15), à portas fechadas, com Magda Chambriard, indicada por Lula (PT) para a presidência da Petrobras, após a demissão de Jean Paul Prates, na noite desta terça (14).
O conselho de administração da petroleira ainda precisa aprovar a troca de comando. Entre a saída de Prates e a entrada de Magda, a empresa será comandada interinamente por Clarice Coppetti, diretora de assuntos corporativos.
Segundo um interlocutor, a conversa entre Silveira e a nova indicada durou cerca de duas horas e tratou do cumprimento do plano de investimentos da empresa, das políticas de combustíveis, da exploração da Foz do Amazonas (da qual ela é defensora), do mercado de gás e de fertilizantes.
Prates passou por um processo de fritura nos últimos meses, comandado por Silveira. Os dois tiveram desentendimentos, como o próprio ministro admitiu.
O estopim da atual crise foram as divergências em torno da distribuição de dividendos da Petrobras.
Ele defendia a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários referentes aos resultados obtidos em 2024, enquanto nomes como Silveira e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, preferiam a retenção destes ativos.
Após negociação com Lula, os dois ministros saíram vitoriosos, e Prates se absteu na votação interna da empresa que selou a retenção, no início de março.
A não distribuição causou reação do mercado e derrubou o valor da empresa. O governo, inclusive por influência do ministro Fernando Haddad (Fazenda), acabou por recuar e, um mês depois, deliberou pela distribuição dos 50%.
Magda Chambriard, é engenheira e ex-funcionária da estatal. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff.
É vista pelo mercado como um quadro de perfil mais desenvolvimentista do que Prates, que tentou equilibrar sua gestão atendendo a promessas de campanha de Lula, mas sem assustar investidores privados.
Ela defende o papel do setor de petróleo como indutor do desenvolvimento industrial do país, em pensamento alinhado ao do governo Lula. Um leilão de áreas petrolíferas, afirmou em entrevista de 2021, vai além de ver qual empresa paga mais. “Existe um plano de desenvolvimento nacional por trás.”
Chambriard é também defensora da exploração de petróleo na margem equatorial, região alvo de embates entre as áreas ambiental e energética do governo. Em recente entrevista ao Blog do Desenvolvimento, afirmou que “é frustrante” que essa região não tenha sido explorada ainda.
A demissão foi comunicada a Prates em reunião no fim da tarde de terça, no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros da Casa Civil e de Minas e Energia.
Logo após o encontro, ele mandou uma mensagem comunicando a demissão a assessores próximos.
“Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco”, escreveu.
A Petrobras confirmou a informação em nota divulgada à noite. No texto, afirma que recebeu de Prates solicitação para convocação do conselho de administração para “apreciar o encerramento antecipado de seu mandato”.
“Adicionalmente”, completa, o executivo “informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da Petrobras”.
JOÃO GABRIEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
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