Dólar abre em alta após decisões sobre juros no Brasil e nos EUA
O dólar abriu a quinta-feira (1º) em alta, com os investidores repercutindo as decisões tomadas na “superquarta” pelos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos sobre as taxas de juros.
Por aqui, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 11,25%, como era praticamente consenso entre o mercado. Nos EUA, também houve a decisão que os analistas previam com a manutenção da taxa entre 5,25% e 5,5%.
Às 9h12, a moeda norte-americana subia 0,57%, cotada a R$ 4,9664. Além das decisões sobre as políticas monetárias, o mercado também aguarda um relatório sobre emprego nos EUA.
Na quarta-feira (30), a Bolsa perdeu força na última hora do pregão, mas ainda fechou em alta de 0,28%, aos 127.752,31 pontos. Já o dólar caiu 0,19%, cotado aos R$ 4,935. Porém ambos não foram impactados pela decisão do BC brasileiro, que anunciou o corte após o término das operações.
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu pela quinta redução seguida e afirmou na última reunião, no ano passado, que os membros avaliaram de forma unânime que essa é a cadência apropriada para manter a política monetária contraindo a economia em um nível necessário para o processo de desinflação.
Analistas apontavam antes do encontro que um novo corte era a medida aguardada, considerando os indicadores de inflação.
Com a manutenção dos juros nos EUA, os operadores aguardavam sinalizações do banco central norte-americano para apostar sobre quando o ciclo de corte de juros poderia começar: se em março ou em maio.
A taxa da maior economia do mundo é sempre observada de perto, já que, em geral, há uma preferência dos investidores pelos ativos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries), os de menor risco no mundo.
Em comunicado, o Fed não deu qualquer indício de que um corte nos juros é iminente, afirmando que não considera “apropriado reduzir a faixa de juros até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção [à meta de] 2%”.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, as sinalizações empurraram o início do afrouxamento para maio, “especificamente quando o Fed diz que só vai cortar juros quando tiver mais confiança que a inflação está indo para 2%.”
“Ou seja, ele não tem essa confiança ainda. Os dados da economia norte-americana estão bons, de varejo, produção industrial… Os dados de mercado de trabalho também foram razoáveis. Acredito que o Fed não quer arriscar de cortar os juros e ver um repique na inflação.”
Já Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, acredita que a expectativa de um corte em maio ainda é “audaciosa” por parte do mercado.
“Não vejo juros caindo tão cedo. O Fed mencionou que a situação é incerta, que precisa ficar atento à inflação. Acredito que esteja dando sinais de que não vai cair por agora, assim como fez na semana passada Chris Waller, importante membro do Fed”, afirma ele.
Após a divulgação, a Bolsa seguia na toada altista, até a coletiva de imprensa com o presidente do Fed, Jerome Powell, rejeitar a ideia de corte em março.
“Não acho provável que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) atinja um nível de confiança até a reunião de março” para reduzir a taxa básica, “mas isso é o que se verá”, disse Powell, acrescentando que um corte em março não é o cenário base para os formuladores de política monetária.
A Bolsa, que beirou ganhos de 1,60% após a divulgação, perdeu força na última hora do pregão e fechou em alta de 0,28%, aos 127.752,31pontos.
O dólar caiu 0,19%, cotado aos R$ 4,935, em sessão marcada pela briga entre investidores pela formação da Ptax de fim de mês.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
No fim, a Ptax foi fixada pelo BC em R$ 4,953 para venda. Em janeiro, o dólar acumulou alta de 1,79%; a Bolsa, queda de 4,79%.
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